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30.7.09

Concurso "Natura Maquiadores do Brasil"

Quando soube do concurso da Natura através de uma amiga, fiquei muito empolgada e ao mesmo tempo nervosa só de pensar em participar. Li o regulamento de cima a baixo várias vezes pra não fazer nada errado e não perder nenhum prazo. Acabei deixando tudo pra última semana, mas consegui fazer três maquiagens a fim de poder escolher melhor e não mandar a primeira que me viesse à cabeça. Pra isso, claro, contei com o apoio das modelos que foram super prestativas!


Valéria


Laura


Mirelle

Acabei escolhendo a última porque, além de ter gostado mais da maquiagem, consegui o estúdio de fotografia do CAL pra fazer as fotos, de forma que a luz ficou infinitamente melhor. Nas duas primeiras maquiagens as fotos foram feitas com luz natural, acho que dá pra notar a diferença, né! Enfim... depois de enviadas as fotos e respondidas as 60 e poucas perguntas do questionário, só me restava esperar pelo resultado. Fiquei muitíssimo feliz por ter sido selecionada entre mais de 5000 inscritos em todo o país! Da região sul foram chamados 30 maquiadores e eu estava entre eles.
A segunda etapa aconteceu em Porto Alegre dia 5/7, passamos a tarde inteira gravando o programa que foi ao ar no dia 15/5 (em 5min ¬¬) na TV Record. Mas o mais importante foi que o grupo de "competidores" teve um grande entrosamento, conheci profissionais mto competentes e pessoas maravilhosas. Parece superficial, mas em apenas um dia e meio o clima era de confraternização mesmo, em alguns momentos até esqueci que éramos concorrentes.
Na primeira prova passamos por um quiz show, onde cada grupo teve que responder perguntas sobre maquiagem. A segunda prova foi maquiar uma das consultoras Natura que estavam servindo de modelos em apenas 10min(!!!!!). A maquiagem deveria ser "coringa", adaptando-se tanto ao ambiente de trabalho como ao happy hour.
Sinceramente, achei que em 10min não conseguiria nem preparar a pele, mas a adrenalina era tanta que terminei a tempo ate porque optei por não usar degradê de sombras e usar apenas lápis kajal marrom e rímel para definir os olhos. Infelizmente, não fiquei entre os 10 selecionados para a semi-final, mas sou obrigada a admitir que estava entre grandes profissionais e que meu forte não é a rapidez e sim a criatividade.
No dia seguinte foi a semi-final e os dois selecionados foram o Elvis Leon de SC e a Paula Jaegger do RS. Agora em agosto será a grande final, onde serão escolhidos 8 maquiadores entre os 16 melhores do Brasil e, sinceramente, espero que um dos meus "colegas" seja contratado pela Natura. :D

Em resumo, valeu a experiência e valeu ter ganhado os kits Natura também, hehehe! E, obviamente, participar de um concurso deste porte sempre dá uma mãozinha na carreira, né! Sem contar que recebi um elogio do Marcos Costa para a maquiagem que estava usando no dia do concurso. Bem que ele podia me contratar como assistente! xD~~

23.7.09

A Maquiagem, o Retrato e o Relato

A maquiagem está presente em minha vida desde os 14 anos, quando comprei uma pequena necessaire, um lápis preto para os olhos, uma máscara para cílios, duas sombras nas cores preta e prata, um curvador de cílios e dois batons. Com o tempo fui aprimorando e sofisticando algumas técnicas, maquiando também amigas, amigos, mãe, irmã, tias, primas, primos e até mesmo crianças desconhecidas em um festival de rock! Não sei exatamente em que momento a maquiagem se tornou um elemento tão importante e deixou de ser apenas um recurso de beleza, pois passou a compor não só meu visual, mas também minha personalidade. Há mais ou menos 3 anos, maquiando uma amiga, percebi a enorme diferença na auto-estima dela antes e depois de ser maquiada. A partir de então esse detalhe psicológico se tornou o foco da maquiagem para mim.

Através de outra amiga, descobri no site DeviantArt outras maneiras de trabalhar sobre o rosto, acompanhando trabalhos de pessoas comuns que criam maquiagens muito interessantes e também de maquiadores e fotógrafos profissionais e impressionantes. Tal influência foi fundamental para que eu pudesse pensar em maquiagem como arte e elaborar um projeto que propiciasse a outras pessoas uma experiência diferente. A idéia de maquiar e fotografar pessoas partiu inicialmente da fantasia, pretendi transformar as pessoas em algo bem diferente de seu cotidiano.
Para meu trabalho de graduação em Artes Visuais maquiei mulheres jovens, do meu círculo de amizades. Escolhi aquelas que não são modelos profissionais ou que não estão habituadas a serem fotografadas e/ou não representam os valores estéticos convencionalmente veiculados pela mídia. Elas têm rotinas comuns, como a maioria das pessoas. Tal escolha teve como objetivo quebrar a rotina de cada modelo para que elas vivenciassem algo diferente e conseqüentemente refletissem sobre isso.
Ao contrário do trabalho realizado em Montevidéu (ver postagens mais antigas), deixei que minhas modelos escolhessem o figurino. Elas deveriam eleger a roupa na qual se sentissem melhor, podendo optar por roupa cotidiana, de festa, pijama, fantasia e até mesmo roupa nenhuma. Considerando que quando alguém escolhe o que vai vestir pensa em como os outros verão, ainda mais no caso de fotografias que se sabe que serão publicadas, as modelos representaram suas identidades, desejos e fantasias através do figurino.

Maquiei cada uma conforme as roupas escolhidas, pensando na personalidade de cada uma (daí a importância de serem minhas amigas). É um processo demorado, leva em torno de uma hora e meia, e exige paciência tanto minha como de quem está sendo maquiada, mas ao mesmo tempo é prazeroso e divertido. Existe muita expectativa de ambas as partes nessa etapa e, enquanto a modelo pensa sobre o que estou fazendo e sobre as fotos que serão feitas na seqüência, se prepara para um novo desafio. Apesar de usar o corpo como suporte, não proponho uma discussão sobre ele, nem sobre o feminino. Os aspectos psicológicos da maquiagem são muito mais relevantes, como se percebe nos textos dessas mulheres.

As fotografias foram feitas com máquina digital, ao ar livre, para aproveitar a luz natural e dispensar o uso de iluminação artificial. Os lugares foram escolhidos dentro da cidade de Santa Maria, pensando tanto no tipo de figurino que seria usado quanto nas cores. A fotografia exerce mais de um papel nesta investigação: registra o processo, permitindo expor o mesmo para outras pessoas; no caso da câmera digital possibilita que as modelos acompanhem os resultados durante as fotos e que pensem em outras maneiras de posar, esquecendo a timidez; e ainda posso dar um retorno às modelos que recebem um CD com as cópias das fotos, elevando sua auto-estima. Os enquadramentos buscam ressaltar os rostos e principalmente os olhos, já que neles as maquiagens são mais intensas. Também busco perspectivas nos corpos a fim de que as fotografias sejam mais interessantes, relações entre o cenário e a modelo, bem como entre as cores.

Ao final das sessões de fotos, solicitei que escrevessem sobre como se sentiram em cada momento do processo. Já no convite deixei claro que esta é uma etapa muito importante do trabalho por abrir diretamente a experiência para quem o vê. Sem os textos as maquiagens e fotos não fazem muito sentido, parecem um book qualquer. Não limitei o tamanho dos textos, tampouco defini regras. Meu objetivo era que cada uma escrevesse como em um diário, refletindo sobre cada etapa e sobre as sensações dessa exposição. Lendo esses textos, percebe-se que cada uma teve uma maneira particular de reagir e interpretar a experiência. Algumas inclusive falam sobre mim, sobre a relação que têm comigo e como vêem meu trabalho. É engraçado isso porque às vezes parece que estão tentando legitimar meu trabalho, também falam de como se percebem e relacionam com sua própria imagem. É compreensível que falem sobre mim já que durante algumas horas compartilhamos tantas coisas e procuro fazer com que elas realmente participem, opinando sobre maquiagem e fotos. Considero os textos das modelos, aliados às fotografias, a base do projeto, pois complementam uns aos outros e abrem a experiência para que o público se aproxime.

Nídia



"É difícil ter alguém que te olhe assim tão de perto. Alguém que veja, mesmo que superficialmente, os tapas na cara que a vida vai te dando. Hoje fui maquiada e enquanto o era pensei em porque me sentia tão nua. Qual era a diferença visto que todos os dias, antes deste, eu usava maquiagem. Aquela que todos usamos, cada dia com cores distintas e doses distintas de coisas distintas. Talvez a diferença estivesse no fato de que era uma outra que me mascarava, que me construía diferente, que me mostrava com cores diferentes das que eu mesma escolhera para mim. Num instante percebi que o que antes era difícil tornou-se gostoso. Era de fato prazeroso abster-se, mesmo que em parte, da responsabilidade da cara do dia. Dividi-la com a outra, que por diversas vezes fomos a mesma, é muito agradável. Adivinhar através de cada toque as formas que iam transformando uma coisa em outra coisa. Uma pintinha, duas pintinhas, três, quatro, contei até a sexta, depois perdi as contas tentando imaginar as cores que me eram presenteadas nesse dia lindo de sol com barulho de água corrente. Algumas vezes pude espiar-me no espelho, mas a surpresa era mais saborosa. Saber a cara que se tem todos os dias já é chato o suficiente, dessa vez o espelho podia esperar, e esperar morrendo de inveja. Depois de pronta sim me olhei longamente no espelho e deveras o matei de inveja por aparecer ao encontro tão linda desde a última vez que o havia deixado. Fotografamos. De novo foi difícil. Uma coisa é que te olhe o espelho, outra bem distinta é que te olhe a outra, que te registre a outra. Eu também era outra, por fora, e a verdade é que foi quase desconfortável misturá-la com a de dentro. Tinha eu o direito? Depois pensei que sim, porque não. Eu já tinha descoberto que contaminar-se do que é diverso te faz um bem enorme dentro e fora, porque hoje não haveria de fazer?"

Valéria



“Ninguém nunca disse que eu era bonita.
Toda menina devia ser chamada de
bonita, mesmo se elas não são.”
Marilyn Monroe

"Entre lápis, sombras, blushs, “pó de arroz”, e outras tantas facetas criadas pelos homens para fazer mais que uma transformação externa, mudar aquela valorização íntima que nos deixa feliz, uma sensação de que não somos apenas pedras, que ao contrário de parecer uma mera futilidade uma maquiagem nos deixa bem.
É um bem mais que externo, uma necessidade que passa batida no dia-a-dia, sem as nuances que podem nos transformar, deixar o rosto iluminado e o coração cheio de um auto amor, amor próprio o qual não notamos.
Por mais que vejamos só pedras, somos mais que isso e não é necessário muito. Nossa beleza pode ser realçada com um pouco de batom, o qual ilumina qualquer rosto, ilumina aquele coração cansado, quase amargurado das tristezas do dia-a-dia. Merecemos sim nos sentir bonitas sempre. Não apenas quando somos convocadas a isso. Nossa beleza é única, e como é bom nos vermos em uma foto parecendo o que sempre quisemos ser. Não é parecer, é usar a sombra, desenhar o olho e fazer com que os olhos brilhem pelo simples fato de sentir-se bem.
Jamais imaginei que eu era “tudo isso”, uma boa maquiagem nos faz sentir vontade de dormir maquiada, para ver se nossos sonhos ficam tão bonitos quanto ficamos nesse “milagre” da cores, milagre das artes, que talvez seja até esquecido no afã dessa vida corrida.
Enfim, a necessidade de sentir-se bonita vai mais além do que um dia festivo, afinal a nossa vida é festiva."

Tâmisa



"Colorido, sensação estranha, ser vista pelo olhar do outro, pensar em formas de apreciar este olhar, rosa e preto e branco e lantejoulas, e linhas, as costuras?
Um pouco inquietante, um pouco demorado, um pouco sufocante, com muitoconto e diversão e risadas e novidades e 230 fotos.
Eu de maquiagem organizada, e reta, e bem polida e limpa e bem polida e com outro brilho. Eu sendo fotografada pela câmera do outro, pelo olho dos outros, no meu mais possível eu? Ou falta dele? Eu vestida a gosto, sem vergonha, tava ali fazendo cara, e me divertindo com a minha amiga, não era um momento tão tenso, ou tão sério, era a minha amiga. A saia voava e queria ser a Marilyn sem eu pedir. Foi estranho, foi legal... me senti importante :) "

21.7.09

Rejane



“Noiva à beira de um ataque de nervos”

"Em uma dessas voltas pra casa de ônibus, naqueles vinte intermináveis minutos de fome, compartilhei o acento com uma colega e amiga desde os primórdios de minha experiência como estudante de Artes, a Bárbara. Além do acento compartilhei, também, uma novidade: estava noiva!
Estava noiva em um semestre que estaria estagiando em duas escolas, na escolinha de artes, tendo aulas da graduação, aulas da pós-graduação e trabalhando em uma loja da cidade. Além disso, deveria organizar o casamento, fazer lista de convidados, fazer orçamentos e administrar finanças e emoções. Tudo o que não estava conseguindo era organizar todas as coisas que deveria fazer.
Nestes vinte minutos compartilhei de planos e anseios que me corroíam, da sensação de impotência que tinha em relação a todos estes projetos. Do medo de idealizar e não realizar.
Os vinte minutos passaram, os dias passaram, as semanas passaram e tive de continuar organizando o casamento, a faculdade, os estágios, a pós e o trabalho. Mesmo a ansiedade tomando conta, uma estranha e agradável sensação de alegria por estar prestes a casar com o homem que amo fazia com que meus dias se tornassem mais coloridos.
Em um dia de aula, no meio de relatos dos estágios de colegas, ao fazer um comentário com esta amiga e colega, recebi o convite para ser modelo para seu trabalho de graduação. Como eu seria modelo?
Lembrei que a pesquisa que ela estava realizando era sobre maquiagens, ela disse que eu deveria escolher a roupa com que mais me identificasse e depois disso, ela realizaria a pintura no rosto. Como eu seria modelo? Com qual roupa eu me identifico?
Neste período não tenho muito pensado em roupas, tendências, moda, tão pouco estou ligada em liquidações e promoções em lojas de vestuário. O tempo que me permito pensar nestes assuntos, se resume em promoções de eletrodomésticos e a tendência na moda de vestido de noivas, aliado, obviamente, à liquidações e promoções! Eureca, vestido de noiva!
O que mais poderia me identificar neste momento da minha vida? Uma noiva, sim! Uma noiva à beira de um ataque de nervos, que está imersa em sensações conflitantes e extremamente prazerosas. Uma noiva vivendo com plenitude cada momento dos preparativos para o casório.
Ao chegar o dia da maquiagem, me vesti com um vestido branco, sandálias brancas e escolhi como adorno pérolas. O grande dia havia chegado! A maquiagem foi se definindo aos poucos e com o passar do tempo a curiosidade sobre o resultado crescia. A Bárbara mexia nas sombras, em delineadores, em miçangas e a pintura foi tomando forma. Depois da maquiagem, o penteado e depois do penteado, o espelho. Mal podia acreditar que eu estava personificada em mim mesma! Soa estranho, mas foi exatamente assim que percebi o meu reflexo no espelho. Aquela noiva não era um personagem, nem tão pouco algo que gostaria de ser, mas era eu. Uma noiva à beira de um ataque de nervos.
Ao terminar a produção, deveríamos iniciar a sessão de fotografias, ela havia escolhido a ponte próxima à gare da estação, que faz ligação entre o centro e o bairro Itararé. Estava tão absorta no prazer gerado por eu ter me tornado suporte e trabalho artístico, que acabei esquecendo que encararia transeuntes curiosos nas ruas. Nos primeiros passos na calçada em frente ao prédio da Bárbara, fui tomada por um constrangimento em me expor daquela maneira publicamente.
Foi na Praça Eduardo Trevisan a primeira fotografia, estava rígida e sem saber como me portar perante a máquina. Não sei ser modelo! Para onde olhar? Posso sorrir? Fazer caretas? Como me portar? Estas dúvidas vieram em meu pensamento. Decidi que meu personagem, agora real, falaria por si. A partir deste momento, nem a máquina, nem o olhar das pessoas nas ruas, nem meus pensamentos me coibiram da naturalidade de ser uma noiva. A ponte foi um cenário que proporcionou a idéia de passagem que o casamento proporciona. Mas ainda não era o suficiente, não sintetizaria o conceito de bodas. Sugeri, então, a Catedral, situada à Avenida Rio Branco.
Eu de vestido branco, véu e bouquet em frente da igreja fui tomada por uma emoção ímpar. As fotografias e a maquiagem fizeram pleno sentido, a meu ver, naquele cenário. As sensações paradoxais voltaram tomar conta, em um misto de realização, alegria e ansiedade, me fazendo perceber que as poses e as fotos fluíram melhor naquele momento.
Aos poucos um pequeno público se formou em frente à igreja, contemplando e tecendo críticas daquele trabalho. Foi interessante analisar esta interação da comunidade, pois mesmo este trabalho não sendo em linguagem artística consagrada possibilitou uma experiência estética e sensível a este público.
Esta vivência com este trabalho foi algo único. Mexeu em mim de forma emocional, racional, afetiva, psicológica e artística. Permitiu-me conhecer melhor algumas emoções e sensações da minha intimidade e pude visualizar o que antes era uma idéia abstrata. Foi uma grata experiência com resultados plásticos significativos e surpreendentes."

Lisânia



"A Fada"

"Recebi o convite da Bárbara com bastante entusiasmo, mas após desligar o telefone fiquei pensativa sobre a roupa que usaria, o local das fotos, como seria a maquiagem, e em como me entregar ao sabor dos acontecimentos sem tentar controlá-los.
Uma experiência completamente sui generis, eu, modelo? Tendo em vista que não sou nada fotogênica, fiquei com receio, mas decidi que iria enfrentar de bom grado e me divertir.
Diversão. Essa foi a palavra de ordem daquela maravilhosa e ensolarada tarde de sábado. Recebi ajuda sobre o figurino, aquele que melhor poderia caracterizar meu personagem: a de uma fada. Escolhido esse, sentei-me e começou a maquiagem, sombras, pincéis e outros tantos aparatos, nesse meio tempo, outro sentimento foi aflorando progressivamente: a curiosidade.
Tudo pronto, figurino, maquiagem. Agora de fato se iniciou a aventura, subir no telhado do meu prédio e fazer algumas das fotos, naquela hora ventava muito, a câmera tremia, e eu e a Bárbara nos segurávamos, com receio de que o vento nos levasse embora.
De fato, não foi muito fácil, mas conseguimos boas fotos lá. Depois fomos para o jardim da frente do meu prédio, e lá, a fada foi notada por transeuntes e vizinhos, e a timidez surgiu, mas por pouco tempo, pois a cada série de flashes as fotos ficavam mais lindas. Então veio a derradeira proposta: façamos fotos na piscina, diga-se de passagem que já passava das 18:00 horas, o sol já não batia mais no pátio onde aquela se localizava, e o vento novamente deu os ares de sua graça. Logo pensei: boa idéia! Senti frio no início, mas depois criei intimidade com aquele novo elemento que surgira, a água. Me diverti muito e como diz a Bárbara, fotos na água ficam lindas devido ao movimento dos tecidos, realmente está provada a tese dela.
A experiência foi muito interessante, as fotos ficaram lindas, e desafiar os elementos da natureza foram importantes na caracterização do personagem."

Jéssica



"Tenho bastante interesse em fazer personagens e fazer todos de maneira que eu quisesse foi bastante importante para mim, onde eu poderia escolher a roupa e a partir daí surgiria a produção e como ficariam as fotos.
A roupa escolhida, tinha que vir de um lugar que significasse muito para mim, e este era a sala de teatro, de onde muitos personagens meus saíram, e esse era mais um. Porém, diferente dos outros, este era para uma sessão de fotos.
Durante a maquiagem me senti um pouco cansada, afinal é a parte mais complexa do trabalho, porém, ao término desta, percebi o quão importante ela era para incrementar o figurino e todo o personagem.
Com maquiagem, cabelo e figurino prontos, me sentia bastante empolgada com o que as pessoas iriam pensar na rua e qual seria o resultado. Isso foi só no começo, mas depois quando várias fotos já tinham sido feitas comecei a esquecer quem estava de fora e me perceber sozinha no ambiente, meu personagem e eu, cuidando a iluminação junto a quem estava fazendo as fotos.
Foi tudo muito livre, tudo muito à vontade, uma mistura do que precisava com o que eu queria."

Fran



"A minha primeira reação ao ser convidada para as fotos, sem dúvida alguma foi entusiasmo. Depois veio o nervosismo do que vestir, de como me portar frente aos flashes e de como as fotos ficariam, mas decidi deixar de lado todos esses questionamentos e simplesmente me divertir.
Quando começamos os preparativos, procurei aproveitar cada momento, conversamos o tempo todo e ríamos, o que fez toda diferença. Ao me olhar no espelho toda “fantasiada” me senti outra pessoa, alguém desprovida de vergonha, disposta a se liberar completamente e foi o que procurei fazer na frente da câmera.
O dia foi o perfeito pra se passar ao ar livre, em contato com a natureza, e nas fotos procuramos mostrar essa simples conexão.
Quando lavei o rosto me bateu um cansaço, reflexo do dia, sensação que antes parecia estar afastada devido à toda arrumação.
A experiência foi diferente e realmente válida, por mais estranho que pareça pra quem olhe de fora, coisas desse tipo realmente proporcionam autoconhecimento e nos fazem refletir."


18.7.09

Fernanda



"Bom, tudo começou em um dia que entrei no "msn" e a Bábi me fez uma pergunta: 'Fê você não quer ser minha modelo no meu projeto? Eu vou te maquiar artisticamente e você vai ficar bem bonita'. A minha primeira reação foi dizer sim. Logo fiquei pensando... eu? Tirar foto? Eu odeio tirar fotos, não sou nada fotogênica. Mas de qualquer forma eu já havia aceitado o convite e não voltaria atrás, mesmo porque a Bábi é minha melhor amiga e jamais diria não a ela.
Passei ansiosa aquelas duas semanas até chegar o tão esperado dia das fotos. Chegando o dia a Bábi pintou meu rosto, mas parecia que estava desenhando num papel, a maquiagem ficou linda.
Na hora das fotos... eu, nervosa, não sabia o que fazer, se sorria, se ficava séria, se fazia posa (e eu não sei fazer pose), nunca tinha posado para ninguém. Começamos, meio sem jeito, louca de vergonha, pensando... 'o que eu estou fazendo aqui?' A Bábi continuou me dando umas dicas e rimos um pouco... fui me soltando, e à medida que ela tirava as fotos, me mostrava e pensávamos juntas o que fazer depois.
Resumindo, foi uma experiência muito legal, que se não fosse pela Bábi eu jamais faria, e no final eu adorei. Finalmente consegui me achar bonita em uma foto".

Bibiana



"Mesmo antes de surgir o convite, eu já havia checado o trabalho de maquiagem e fotografia da Bárbara e todas as vezes me perguntava como seria fazer parte disso. Quando o convite foi feito por ela, perguntas começaram a pipocar sobre o processo, idéias, etc, mas achei que seria um pouco inconveniente perguntar qualquer coisa ou dar pitaco. Havia chegado a hora de experimentar aquilo na pele, literalmente e então aceitei com muita honra fazer parte de um trabalho tão lindo de uma pessoa tão querida pra mim.
Então o dia da maquiagem e das fotos chegou, e eu não sabia bem o que esperar. Não sabia o que a Bárbara tinha em mente nem pra maquiagem, nem pra fotografia. Quando cheguei na casa dela para maquiar, me preocupei apenas em sentar no meio da sala de visitas da maneira mais confortável possível para cooperar e deixar que ela trabalhasse em paz. A maquiagem durou em torno de uma hora e meia e lá pelas tantas, ela comentou que eu parecia uma borboleta. Mesmo sentindo o pincel do delineador na pele, não dava pra imaginar como a tela-viva estava ficando e a julgar os outros trabalhos dela, a área dos olhos deveria estar cheia de filigramas e pontinhos e cores. Foi então que ela complementou o comentário anterior com um "só consigo fazer a tua maquiagem simétrica". Pegue um espelhinho de mão e vi que, de fato, parecia uma borboleta e o melhor: eu me sentia uma. Ou quase, por não ter como voar apesar do vento forte.
No instante que vi o resultado final, sabia que atrairia olhares curiosos na rua. Para uma pessoas com sete tatuagens visíveis, isso deveria ser normal mas quando se trata do rosto, a sensação é completamente diferente. Parece que as pessoas tentam olhar através daquela quantidade de traços e cores, como se eu estivesse me escondendo atrás de uma máscara. Foi inevitável não pensar no trecho de uma música de uma cantora que admiro muito, a norueguesa Marit Larsen: "When she sleeps she keeps her make up, she prefers to live in a lie¹". Pensei mais por causa da maquiagem e da analogia com as máscaras do que com a correlação à mentira: em algum determinado momento, a máscara cai e você não pode mais esconder o rosto.
Enfim, fomos até o Parque Itaimbé fazer as fotos. Olhares curiosos no trabalho da Bárbara e provavelmente no vestido que competia em chamar a atenção. Flores ao vento, sol, sombra, grama, luz. Enquanto caminhávamos depois do término das fotos, cogitava a possibilidade de puxar o demaquilante e o algodão para forçar a queda da tal máscara de borboleta mas fiquei intrigada e quis saber a reação de mais algumas pessoas. Bárbara e eu nos despedimos e cada uma seguiu seu rumo, e eu com um Calçadão pela frente. As pessoas me observaram com mais cuidado, eu me deixei ser observada e retribuí o gesto. Passei por um amigo na frente da Renner mas não parei para cumprimentá-lo, tudo o que eu menos queria era quebrar aquele ciclo que havia iniciado no Parque. Cheguei em casa e, quando me senti sã e salva, retirei a máscara. Um dia depois das fotos, acabei encontrando o mesmo amigo do dia anterior na rua e ele comentou que me viu maquiada e perguntou a razão. Naquele instante, percebi que quando as pessoas dizem que conhecem você elas não estão blefando, seja com máscara ou sem."



¹ Quando ela dorme não tira a maquiagem, ela prefere viver numa mentira - Marit Larsen, You'll Be Gone

Fadas - Stephanie

Em novembro de 2007 passei a utilizar a maquiagem em meu trabalho artístico, pois estudei pintura durante algum tempo e acabei me cansando de fazer sempre a mesma coisa. Foi então que decidi fazer da maquiagem minha pesquisa artística.
O objetivo inicial era proporcionar a mulheres comuns a experiência de serem transformadas em fadas e serem fotografadas. Os relatos das modelos complementam o trabalho, revelando que uma transformação externa pode afetar muito mais que apenas a aparência e que cada pessoa se sente diferente neste tipo de vivência.
Este primeiro trabalho foi realizado em Montevidéu, Uruguai, onde estive de intercâmbio por cinco meses, por isso os relatos estão em espanhol.


* * *




" Pienso en general que el maquillaje te transforma, resalta tus rasgos, te vuelve mas femenina y por lo tanto te hace sentir bonita.
En particular el maquillaje artistico, te vuelve mas llamativa, llamas la atención sin siquiera cambiar tu forma de ser, seguis siendo vos misma.
En este caso todo esto se potenciaba, elegias la ropa que mas te gustaba, la que te hacia sentir cómoda. El color que mas te resaltaba y el diseño era creado sobre tu cara, en base a tus rasgos, etc.
Personalmente la experiencia me encantó; si bien al principio tenia pilas de dudas, ¿como me quedará? ¿quedará bien?, etc; pero cuando me vi terminada me sentí rara, me quedaba bien; todos me alagaban. Lo mismo pasó en las fotos, al principio tenia pila de dudas después relajé, la vergüenza quedó de lado, me sentia una modelo y las fotos me encantaron."


14.7.09

Fadas - Lucía



"Soy Lucía y cuando vi Bárbara maquillar a otras chicas enseguida me copé con la idea que también a mi me maquillara, no sé me gustó pila como se veían, lo que eso producía en ellas. Y quise yo también verme y sentirme así.
Cuando Barbi empezó a maquillarme me sentía con una gran paz, no sé porque, pero me sumergí en un gran relax. También estaba muy ansiosa por verme.
Cuando me vi me dió mucha gracia y me gustó mucho, me sentí contenta por como me veía. En la sesión de fotos me sentí como en un cuento de hadas. Fue muy lindo hacerlo y me di cuenta de como cambiamos los humanos cuando nos vemos distintos frente al espejo; nos sentimos mas importantes, mas lindos, mas seguros. Fue una experiencia excepcional."

Fadas - Inés



"Considero que el hecho de por sí de maquillarse es algo que provoca distintas reacciones en cada uno. También el hecho de que sea otra persona la que te maquilla puede provocar distintas reacciones. A mi en particular me gusta maquillarme, pero lo hago solo en ocasiones especiales (fiestas, reuniones importantes, etc.), y busco resaltar lo mejor de mi y minimizar lo que no me gusta tanto.
En esta ocasion me gustó la propuesta de Bárbara porque era una instancia diferente y atractiva. Me gustaba la idea de que me maquillaran de una forma diferente, y me causaba curiosidad lo que Bárbara plasmara en mi rostro con sus colores.
Durante la producción me sentí muy relajada; era como desestresante. Me causaba curiosidad lo que Bárbara estaba pintando en mí, ya que no lo veía. Estaba atenta a las caras y reacciones que teniam las chicas que me estaban mirando.
Cuando estaba pronta y me miré al espejo me gustó mucho lo que Bárbara me había pintado. Cuando me comenzó a sacar fotos me sentia una modelo (jaja). Estuve bastante seria durante las tomas de fotografia; no sonreía mucho, frente a la cámara sentía que estaba como muy seria.
Luego de terminadas las fotos me gustaron algunas, otras no. El maquillaje; el diseño que Barbi pintó en mí me gustó mucho; felicitaciones Barbi!"

Fadas - Antonella



"Cuando empezó el proceso de maquillaje no me senti de todo cómoda por el grupo de personas que se encontraban observando, dicha sensación estuvo presente durante todo el proceso de maquillaje.
Luego viendo el trabajo terminado me encanto. En el momento de sacarme las fotos me solté un poco y ya no di tanta impostancia a las personas que se encontraban. Soy una persona que no le gusta ser fotografiada pero así maquillada me animé y simplemente ser...
Estuve al rededor de 8hs maquillada y en este periodo de tiempo sali, me desenvolvi dejando a un lado el qué dirán. Cuando me lo tuve que quitar no quería.
Nunca pensé que como soy yo, que le doy importancia a lo que dirán y como me ven los demás animarme a salir así, es como que al maquillarme de esa manera dejé de ser yo.
En conclusión la experiencia me encanto..."

Fadas - Andrea




"Cuando Bárbara me dijo que me queria maquillar me entusiasme, pero al mismo tiempo me dio algo de 'cosita', porque me preguntaba: ¿como seria aquello que iba a 'dibujar' en mi rostro? ¿como me quedaría? Entre tantas otras preguntas...
Cuando comenzó a maquillarme me sentía tan bien, no podía dejar de sonreír, estaba ansiosa por ver que 'lineas' había dibujado en mi rostro, como había quedado la combinación de colores y el peinado.
Cuando pude verme al espejo, sentía que no era yo, la persona que estaba viendo. El maquillaje realizado por Bárbara es 'único', porque está fuera de lo tradicional; Bárbara lo que hace es resaltar las facciones del rostro, pero de una forma única, que solo ella puede lograr.
Yo no encuentro palabras para decir lo que sentí, porque son tantas combinaciones de sentimientos desde el momento en que fue realizado el maquillaje hasta las fotografías tomadas por ella. Y lo único que puedo decir es, gracias, porque en un instante deje de ser esa persona sencilla a una persona totalmente diferente por fuera y eso es algo que me fascinó."

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